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SEGUNDA-FEIRA, 18 DE JULHO DE 2011 | 14:10
 
Interoceânica Sul abre portos do Pacífico ao Brasil
 
Ir do Brasil à costa do Peru, por terra, ficará mais fácil a partir desta semana. Na sexta-feira passada, foi inaugurada em Puerto Maldonado, no país vizinho, a ponte que faltava para concluir a rodovia Interoceânica Sul, que integrará as malhas rodoviárias dos dois países e dará aos exportadores brasileiros a alternativa de saída pelo Oceano Pacífico. O tráfego sobre ela, porém, só será liberado dentro de alguns dias, e poderá impulsionar o comércio entre Brasil e Peru, hoje na casa dos US$ 3 bilhões.

Com a inauguração da ponte e de outra rota no Norte do país, integrada ao porto fluvial de Yurimaguas, no Peru - de onde se pode navegar até Manaus e Belém do Pará - já se fala em um acordo de livre comércio. E estima-se que, nos próximos três ou quatro anos, o fluxo bilateral poderá subir para um patamar entre US$ 5 bilhões e US$ 10 bilhões.

Por meio da Interoceânica Sul, será possível cobrir por estradas asfaltadas os mais de 5 mil quilômetros que separam Santos de portos peruanos como Ilo, Matarani e San Juan de Marcona. Até agora, sem a ponte que será inaugurada hoje, a travessia do Rio Madre de Dios, que dá origem ao Madeira, do lado brasileiro, dependia de balseiros. O resto da estrada está pronto desde o início do ano.
Vendido à opinião pública brasileira como um atalho para fazer chegar de forma mais rápida e barata commodities agrícolas do Centro-Oeste à Ásia, o corredor rodoviário ainda não deixou claro se esta será mesmo sua vocação.

As opiniões são divergentes. Há os que concordam com o discurso oficial. Outros, no entanto, dizem que o trajeto funcionará para integrar a região de Madre de Dios ao restante do Peru, impulsionar o turismo e o comércio regional. Nada, além disso. Pelo menos não no curto prazo.

No médio prazo, do lado peruano, a expectativa é vender ao Brasil produtos agrícolas, como azeitonas, cebolas e batatas, que hoje saem de São Paulo para abastecer o Acre. O mesmo poderá acontecer com insumos para a construção civil, como cimento e pedras, que não existem no estado fronteiriço. Em sentido contrário, além de milho e soja, existe a possibilidade de exportação de carne.
Mesmo com a ponte por terminar, algumas empresas brasileiras já usam a Interoceânica Sul para enviar ao Peru ônibus, máquinas agrícolas, para mineração, construção e indústrias como a de calçados.

É o caso da Expresso Araçatuba, da TNT, que transporta da região Sudeste até Puerto Maldonado, capital de Madre de Dios, componentes e insumos usados no garimpo de ouro, diz Luiz Simabukulo, gerente de marketing da companhia logística. Milho do Acre, do Mato Grosso e de Rondônia segue o mesmo caminho.

Outros obstáculos

Mas, para que haja aumento da integração comercial, ainda que em âmbito regional, há uma série de barreiras a serem vencidas, afirmam executivos que acompanham a evolução do tráfego na estrada. Uma delas é a aduaneira.

Segundo Miguel Vega Alvear, presidente da Câmara Binacional de Comércio e Integração Peru Brasil, falta infraestrutura e pessoal para a fronteira funcionar 24 horas, por exemplo. Também não é possível trocar novos soles, a moeda peruana, por reais. É preciso converter para dólares, o que encarece as transações.

Talvez por isso, comecem a surgir vozes no Peru favoráveis a um acordo de livre comércio. Em artigo no diário econômico Gestion, na semana passada, Alfonso García Miró, presidente da Câmara de Comércio Exterior, defendeu a ideia. Derrubada a barreira física, resta trabalhar na burocrática.

Fonte: Brasil Econômico
 
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