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TERÇA-FEIRA, 25 DE NOVEMBRO DE 2014 | 11:42
 
Produtor mato-grossense retém as vendas de milho
 
A possibilidade de que o atraso no plantio da atual safra 2014/15 de soja em Mato Grosso prejudique a semeadura do milho safrinha, feita na sequência da colheita da oleaginosa, tem motivado uma nova retenção das vendas do cereal por parte dos produtores do Estado. "A chance de que haja um recuo de área e perda de produtividade no milho que será plantada no início no ano que vem já fez os agricultores colocarem o pé no freio da comercialização", afirma Ramicés Luchesi, da MT Corretora de Grãos, situada no município de Nova Mutum.

De acordo com Luchesi, as negociações de milho estão lentas, ainda que as cotações tenham reagido nos últimos 40 dias, reflexo da demanda aquecida no Estado (que é o maior produtor do grão no país). Os preços atuais do grão no mercado disponível estão à média de R$ 18 por saca na região, enquanto no mercado futuro (com entrega entre julho e agosto de 2015), a média é de R$ 15. Há pouco mais de um mês, esses valores estavam em níveis mais baixos: em R$ 15,50 e R$ 13,50 por saca, respectivamente.

Levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indica que 79,98% da safrinha de milho colhida este ano no Estado já está comprometida, um pouco à frente dos 72,53% do mesmo período do ano passado.

Entretanto, a oferta em 2014 foi menor: 17,72 milhões de toneladas, na comparação com o recorde de 22,54 milhões de 2013. Nos cálculos de Luchesi, pelo menos 5% a 8% do milho que será colhido no ano que vem já foi vendido - a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê uma produção de cerca de 18 milhões de toneladas.

No ano passado, devido ao excesso de oferta do grão no país, o governo federal promoveu dez leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro), que é uma subvenção econômica concedida a agricultores ou cooperativas quando o preço do produto está abaixo da referência oficial estipulada (na casa dos R$ 13 em Mato Grosso).

O volume negociado foi de 8,86 milhões de toneladas, bem acima das 5,80 milhões de toneladas movimentadas nos cinco leilões de Pepro realizados este ano. A expectativa do Ministério da Agricultura é de que não sejam realizados novos remates, tendo em vista que as cotações de mercado do milho já estão acima do preço mínimo.

Em Sorriso, outra importante praça de negociação do milho em Mato Grosso, as cotações da commodity no mercado disponível estão a R$ 17 por saca, e no futuro, a R$ 15,50. "Quem tem armazém tende mesmo a segurar as vendas", afirma o produtor Laercio Lenz, presidente do sindicato rural de Sorriso.

De acordo com Lenz, já é dado como certo na região que o plantio de milho será menor na safrinha que vem, assim como o nível de tecnologia empregado. Ele acredita que quando o preço da saca no mercado futuro se aproximar dos R$ 16,50, os agricultores voltarão a realizar mais negócios. "Por ora, o pessoal está apenas travando os custos".

A julgar pelo interesse de compra, tanto de exportadores quanto de agentes do mercado doméstico (especialmente para a produção de ração), os preços do milho têm ainda algum espaço para subir no país, acredita o corretor de Nova Mutum. "Granjas de São Paulo e do Nordeste, além de grandes indústrias de proteína animal, como a BRF, devem seguir a buscar o produto nas próximas semanas", prevê Luchesi.

Fonte: Valor Econômico
 
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