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QUARTA-FEIRA, 16 DE ABRIL DE 2014 | 14:00
 
PAC 2: governo concluiu um terço das obras de energia
 
Se há uma área no governo com a qual a presidente Dilma Rousseff tem afinidade, é o setor energético: foi comandando a pasta de Minas e Energia que ela ascendeu na gestão Lula. Por isso, os dados sobre os investimentos neste setor são relevantes para quem pretende fazer uma análise mais precisa do desempenho da chefe do Executivo. E os números não são os melhores. Levantamento feito pela ONG Contas Abertas e pelo site de VEJA mostra que, ao iniciar 2014, o governo havia concluído 34,5% das obras previstas para o setor de energia no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2. Em números absolutos, são 261 inaugurações em um universo de 756 obras listadas.

O resultado está acima da média do PAC 2 - de apenas 12% de obras concluídas -, mas é insuficiente para assegurar que os empreendimentos estejam prontos quando Dilma Rousseff encerrar seu quarto ano de governo.

Na área de geração, o percentual de empreendimentos prontos é de 28,2%: 97 dos 344 projetos planejados foram entregues. No setor de transmissão, igualmente importante, foram 63 empreendimentos concluídos, dos 177 previstos. Em termos percentuais, são 35,6%. Mantido o ritmo, Dilma precisaria de nove anos para entregar tudo o que prometeu fazer em quatro.

A hidrelétrica de Belo Monte é um exemplo significativo: o prazo final da obra, iniciada em 2011, já foi esticado diversas vezes. Neste caso, falhas no planejamento da obra - especialmente sobre os impactos ambientais - causaram paralisações que implodiram o calendário oficial para a obra. Dilma só tem chances de inaugurar o empreendimento se obtiver a reeleição.

Alguns números da área de energia são ainda piores. Na rubrica de Geologia e Mineração, por exemplo, nenhum dos onze empreendimentos previstos foi concluído.

O governo também deu pouca atenção à área de combustíveis renováveis, com seis empreendimentos previstos, apenas um foi concluído. Desde que ficou evidente o potencial do petróleo do pré-sal, o governo Lula, e depois Dilma, deixou em segundo plano projetos como o do biodiesel produzido a partir da mamona.

Para o professor José Matias-Pereira, especialista em finanças públicas da Universidade de Brasília (UnB), os resultados mostram Dilma não vai poder usar o PAC como arma eleitoral: "Ela vai ter muita dificuldade em levar a frente essa marca".

No fim de março, o ministro de Minas e Energia admitiu a possibilidade de o governo realizar uma campanha para incentivar a economia de energia durante a Copa do Mundo - e, assim, reduzir os riscos de um apagão. Em entrevista ao The Wall Street Journal, Edison Lobão afirmou que esta é uma das opções em análise.

O sistema elétrico brasileiro depende sobretudo de usinas hidrelétricas. E as oscilações no nível de chuva são incontroláveis. Mas, se a situação se degradar, o governo vai ter de fazer muito esforço para convencer os eleitores de que se esforçou ao máximo para evitar falta de abastecimento.

Fonte: Revista Veja
 
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