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MIÉRCOLES, DICIEMBRE, 12, 2012 | 11:12
 
Taxa de retorno em projetos de infraestrutura preocupa investidor privado
 
O Brasil ainda é um mundo de oportunidades. Essa foi a principal conclusão do fórum realizado pela Bloomberg nesta terça-feira com economistas e presidentes de grandes companhias nacionais. Mas apesar do consenso positivo para o cenário econômico futuro, a redução na taxa de juros básica da economia, a Selic, atualmente em 7,25% ao ano, o menor nível histórico, deve trazer para um patamar próximo a um dígito o retorno dos grandes investidores privados interessados em projetos de infraestrutura nas áreas de portos, energia e transportes, entre outros.

"Com a queda dos juros, o novo padrão de taxas de retorno do Brasil será próximo de 10%", diz Carlo Alberto Bottarelli, diretor executivo da Triunfo, companhia que assumiu o aeroporto de Viracopos no mês passado. "Se não for 10%, vai ser aquele 9,99%".

"A taxa de retorno vai estar um pouco acima dos 10% no setor portuário, abaixo disso não atraímos investidor", diz Antonio Carlos Sepúlveda, diretor executivo da Santos Brasil. Para Marcelino Rafart, diretor executivo da Ecorodovias, "as taxas estão declinantes, mas serão certamente superiores a 5% no ano que vem".

Para amenizar as preocupações e reclamações do setor, o BNDES vai injetar dinheiro em infraestrutura em 2013. "Serão R$133 bilhões de investimento em ferrovias e rodovias", diz Arno Augustin, secretário do Tesouro Nacional. "As indenizações do setor elétrico também vão continuar, outras concessões vão vencer e nós cumpriremos rigorosamente os contratos".

Além disso, o setor energético receberá um investimento R$3,3 bilhões e o BNDES participará do Programa de Sustentação de Investimento (PSI) com R$ 85 bilhões. O programa foi prorrogado pelo Ministro da Fazenda Guido Manteiga e prevê financiamentos do BNDES a taxas reduzidas para diversos tipos de investimentos. Esses percentuais variam entre 4,5% e 7,5%.

"Nós vemos com bons olhos o pacote de medidas adotado pelo governo", diz Rafart, da Ecorodovias. "Temos o apoio do BNDES, se faltar dinheiro o negócio não anda", completa Bottarelli, da Triunfo.

Efeito Selic

"O efeito negativo já veio, por isso estamos otimistas para 2013", diz o secretário do Tesouro Nacional, Augustin, sobre o pacote de medidas adotado pelo Governo Federal desde a posse da presidenta Dilma Roussef. "Todos os marcos regulatórios pretendem reduzir custos e aumentar a competitividade, essa é a base para o crescimento em um momento de crise internacional."

Os estímulos monetários e fiscais, como a queda da taxa Selic, o controle cambial, as reduções tarifárias e o pacote de investimentos em infraestrutura, podem ser consideradas medidas apressadas e intervencionistas, mas para o secretário "isso é normal, no curto prazo essas mudanças causam perdas e quem perde reclama".

"Reduzir a taxa de juros, de fato, também reduz a rentabilidade financeira", diz o secretário. "Mas, o Brasil tinha historicamente taxas de juros muito altas, nós estamos mostrando que nossa taxa pode ser parecida com a de outros países". Para o secretário, com a Selic em 7,25% ao ano estamos com uma taxa "quase civilizada".

Inflação

Diferente da "civilizada Selic", a inflação não acompanha a tendência de queda e é apontada como um dos impasses ao crescimento econômico. "Uma inflação a 5,5% como a nossa é relativamente elevada", diz José Carlos Faria, economista-chefe do Deutsche Bank.

"Não vejo um cenário muito melhor para o ano que vem. Nossa projeção é que 2013 tenha uma inflação em torno de 5,3%", diz Roberto Padovani, economista-chefe da Votorantim Corretora.

Há dois anos a inflação brasileira está acima do centro da meta de 4,5%, porém a prioridade do Governo Federal ainda é o controle cambial. "O Banco Central vai manter sua política monetária nos próximos anos. A política cambial ainda é prioridade", diz Carlos Hamilton Araújo, diretor de política econômica do BC. "Inflação baixa e estável é o próximo desafio."

Para Augustin, do Tesouro Nacional, o câmbio acima de R$ 2,00 está mais próximo da realidade. No próximo ano, "se houver algum ajuste no câmbio, não terá tanto impacto na inflação."

Até 2016, o Banco Central estima um crescimento do PIB em torno de 3,5% ao ano. Para os economistas do Deutsche Bank e da Votorantim Corretora, crescer mais que 3% não é impossível, mas o ambiente externo ainda está difícil. "Estamos pagando o preço pelo excesso de otimismo nos anos passados, principalmente em 2010 quando o PIB cresceu 7,5%", diz José Carlos Faria do Deutsche Bank.

Fonte: Portal IG
 
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