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MARTES, AGOSTO, 21, 2012 | 12:45
 
Pacotão das rodovias poupa R$ 126 bi em manutenção
 
Os motoristas brasileiros poderão economizar R$ 126 bilhões no custo operacional dos veículos com o pacote de concessão das rodovias. Cálculo feito com base em estudo elaborado pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) aponta que para cada R$ 1 investido em rodovias há uma redução de quase R$ 3 no custo de manutenção de automóveis, ônibus e caminhões. Como a previsão do governo federal é de que sejam investidos R$ 42 bilhões na duplicação e manutenção das estradas incluídas no projeto, a perspectiva é de que haja redução de aproximadamente três vezes esse valor no custo de manutenção. Em contrapartida, o condutor terá que pagar pedágio para utilizar as boas condições de trafegabilidade.

A redução de gastos considera o menor desgaste de pneus, motores e até economia de combustível. Como a proposta do governo é de que todas as rodovias incluídas no pacote estejam duplicadas até 2018 (as BRs 040 e 116 devem estar prontas um ano antes), num investimento de R$ 23,5 bilhões em cinco anos, a expectativa é de que as condições do asfalto estejam boas até lá. Na BR-040, no trecho que liga Belo Horizonte ao Rio de Janeiro, por exemplo, o deslocamento diário de caminhões carregados de minério de ferro faz com que a pista tenha ondulações e buracos em muitos pontos, principalmente no segmento da capital até Congonhas. Os incontáveis desníveis acarretam problemas nos pneus, molas e outros componentes.

Há três anos, o borracheiro José Paulo Santos vislumbrou a oportunidade de aumentar a renda adquirindo seu negócio às margens da BR-040, entre Ouro Preto e Congonhas, na tentativa de prestar serviço para os milhares de caminhoneiros que trafegam por ali. O investimento foi certeiro. Diariamente entre 20 e 30 caminhões param para resolver problemas ligados ao desgaste do veículo. Boa parte refere-se a problemas ocasionados pela carga, mas, segundo Santos, quase metade dos problemas é fruto do mau estado da rodovia. "O caminhão é vítima da estrada e do próprio peso que carrega", relata ele, que cobra R$ 17 pela mão de obra da troca de um pneu. Apesar de o ponto ter virado parada tradicional de caminhoneiros, automóveis também fazem visitas quase que diariamente. "Teve noite em que já socorri quatro pessoas; fim de semana de férias que trabalhei mais de 36 horas sem parar. Uma vez até tive que emprestar o pneu reserva do meu carro porque o outro carro tinha furado mais de um pneu", recorda.
Enquanto a reestruturação não sai do papel, cenas como a do caminhoneiro Cristiano Augusto, que teve um problema causado pelo chacoalhar do veículo nos desníveis da pista e se viu obrigado a ficar parado mais de cinco horas esperando o reboque, são rotineiras na rodovia e em praticamente toda a malha viária federal que corta Minas. Cristiano teve um problema em uma das mangueiras de ar. Segundo ele, o dano é resultado do atrito entre duas mangueiras. "A trepidação comprometeu a estrutura", diz ele, que acusa a BR ainda de ser a campeã nacional de quebra de parabrisas. "No período de chuvas, saem lascas de asfalto como se fosse o disparo de uma arma", afirma.

Especialista em engenharia de transportes e professor da PUC Minas, Paulo Rogério Monteiro afirma que a maior economia propiciada pelo investimento está ligada à questão do pavimento. Numa pista sem buracos e outros problemas de piso há desgaste menor de suspensão, freios e pneu. "Pense naquela freada em cima de um buraco. Claro que desgasta mais", afirma. Mas não é só. Ele compara o gasto de combustível de quem transita em uma rodovia livre e quem segue sempre com outros veículos à frente. "É como comparar o gasto de quem está na cidade, enfrentando aquele arranca e para, com que está na estrada, em velocidade de cruzeiro", afirma Monteiro.

SAÚDE Os benefícios vão além dos automóveis. O motorista também têm menos problemas de saúde, como pressão alta, dor na coluna e estresse, segundo o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco da Costa. Ele diz que, de fato, estradas em melhores condições reduzem os gastos com manutenção, mas afirma que o principal beneficiário é o caminhoneiro. Vander explica que, numa estrada esburacada, o condutor precisa ficar ainda mais atento para evitar acidentes. "A maior economia é com o ser humano, que cansa muito menos. O motorista fica tenso para fugir de buracos. Nisso, ele passa a ter lesão na coluna e até demora mais para dormir", afirma o empresário, que diz bater palmas para o projeto, embora com ressalvas enquanto as promessas não viram realidade.

Por outro lado, como não se trata de um investimento direto do governo federal, os condutores terão que arcar com o pagamento de tarifas de pedágio, o que faz com que a economia gerada com o menor custo operacional dos veículos não seja totalmente absorvida pelos motoristas.

Menos tempo, mais viagens
Além do custo de manutenção da frota, gastos com pneus e combustível, válido tanto para empresas de logística quanto para motoristas comuns, a duplicação das rodovias garante redução considerável do tempo de viagem. Para as empresas de transporte de cargas isso significa aumentar o volume de viagens e, consequentemente, o faturamento, diluindo os custos fixos da operação.

Atualmente, segundo cálculos do Sindicato dos Transportes Fretados, 60% do valor do transporte é referente a despesas, sendo que, do total, 15% é destinado à manutenção (pneu, troca de óleo, gastos com oficina mecânica etc.). Com a melhoria das condições de rodagem, a perspectiva inicial é de que esse custo possa ser reduzido em 3%. "Aumenta a produtividade e diminui o custo", afirma o presidente do sindicato, Nivaldo José Soares Jr., ressaltando que quedas semelhantes devem ser válidas para outros segmentos, como o de transporte de passageiros.

Estudo da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), no entanto, mostra que a redução no custo pode ser ainda maior. De acordo com a condição do pavimento, é possível aumentar em até 91,5% o custo operacional de um caminhão.

Fonte: em.com.br
 
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