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MIÉRCOLES, AGOSTO, 06, 2014 | 07:00
 
Diversificação agrícola no Cerrado
 
No Cerrado, as culturas agrícolas vêm se diversificando graças ao interesse dos produtores e as tecnologias e estudo envolvidos a fim de adaptar o solo à gama extensa de possibilidades. O consultor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Goiás (Senar/GO), Cristiano Palavro, aponta que o Estado está evoluindo para um cenário de diversificação, mas que ainda apresenta certas culturas principais.

Algumas culturas de grande porte, como soja, milho, sorgo e feijão ainda são predominantes. "Goiás ainda tem na cultura da soja o maior valor bruto da produção, o que corresponde a mais de 50% de território cultivado", comenta. Apesar disso, as frutas e hortaliças, além da cana-de-açúcar, têm destaque na região. O consultor afirma que Goiás é o segundo maior produtor de cana do País.

A soja, que vem se expandindo nos últimos anos graças à restrição de expansão nos Estados de São Paulo e Minas Gerais também tem muito que se desenvolver. Aqui, o potencial é grande, baseado nas águas do solo. "A área sem necessidade de irrigação em Goiás é de 2,6 milhões de hectares, enquanto não há, ainda, nem 700 mil hectares de plantio", assegura Peres.

Com relação à necessidade de canalização de água, o município de Cristalina se destaca como sendo uma das maiores áreas irrigadas o mundo, dando espaço para a plantação de soja, milho, algodão, batata, cebola, alho, maçã e laranja, por exemplo. "Outro produto muito forte aqui é o tomate. Goiás é o maior produtor do fruto industrial do Brasil. Tudo que é produzido é pelo processo de irrigação", afirma Cristiano.

No que se refere ao solo, Palavro diz que não há grandes dificuldades de adaptação. Segundo ele, o grande problema de alguns solos está ligado à parte da estrutura, como a presença de areia e cascalho - o que não ocorre em Goiás. A dificuldade de um solo próprio para plantio é facilmente resolvida pelo trabalho químico do solo. "Nessa gama de novas culturas, chegaram o pêssego, uva e outras frutas. Elas estão entrando no Estado em caráter restrito, em fase de testes. Nos últimos anos se consolidou o milho doce - voltado para enlatados. Nossa produção é a maior do Brasil", finaliza Cristiano.

Uva

Entre as culturas que têm ganhado destaque no Estado estão a da uva. Durante o mestrado em Agronegócios, Sandra Faria estudou a fundo esse cultivo entre os agricultores familiares. Os custos, que são intensificados por causa da necessidade de irrigação, em muitos momentos dificultam o processo de plantio, mas não o impedem. "No Cerrado, a uva deve ser irrigada, diferentemente do que acontece no Sul do País, já que lá o clima é mais frio", comenta.

Durante o processo de plantio, se faz necessário um acompanhamento agronômico para o preparo do solo. É preciso fazer testes para verificar se há a presença de nutrientes suficientes para a uva. "Uva no quintal de casa é possível em qualquer região. Quando se fala em produção maior para comercialização, deve-se levar em conta todos os detalhes. Em solo pobre, a planta não irá se desenvolver."

Em algumas cidade, nota-se, inclusive, a presença de vinícolas. A especialista explica que o clima de Goiás é favorável, já que o teor de açúcar das uvas está relacionado ao calor. "Aqui, costuma-se ter duas produções, uma no começo do ano e outra no final. No Sul, só ocorre uma", afirma, destacando as particularidades de cada região. Entre as principais dificuldades iniciais dos produtores, Sandra aponta a descoberta dos tipos comuns de doenças e seus combates, a forma de crescimento e a poda das parreiras. Segundo ela, as informações ainda são de difícil acesso sendo, muitas delas, vindas de fora de Goiás.

A uva já é uma realidade no Estado. Mas, concomitante, Peres fala que seria possível desenvolver maçã, pêssego e quinoa, por exemplo. "Temos várias frutas exóticas com potencial: framboesa, lichia, caqui, abacate tipo exportação. Elas ainda não existem em escala de produção, ainda não deslancharam". Ele comenta que o domínio tecnológico já existe, o que falta é o interesse por parte do produtor e incentivos governamentais.

Fonte: Diário da Manhã
 
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