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QUINTA-FEIRA, 20 DE AGOSTO DE 2015 | 09:09
 
BB lança em 15 dias pacote para agricultura
 
O presidente do Banco do Brasil, Alexandre Abreu, 49, antecipou quais os próximos setores a receber crédito da instituição: cooperativas agrícolas, petróleo e gás e construção civil. Mais R$ 9 bilhões serão destinados a financiar ramos específicos da cadeia produtiva brasileira.

Em entrevista à Folha ele afirma que a injeção de mais dinheiro no mercado é uma estratégia comercial do banco para evitar o crescimento da inadimplência, não uma política de governo nos moldes do socorro feito durante a crise internacional de 2009.

"Não vai ser uma elevação de crédito abrupta, mas, sim, suave", disse Abreu.

Na terça (18), a presidente da Caixa, Miriam Belchior, ao anunciar política de crédito de bancos públicos que começa pelo setor automotivo, disse que se tratava de uma ação conjunta patrocinada pelo Palácio do Planalto.


Folha - O governo novamente usou os bancos públicos para salvar a economia?
Alexandre Abreu - É uma estratégia do Banco do Brasil desenhada para alguns setores. Não utilizamos nenhum tipo de recursos públicos. O momento é bastante desafiador da economia, em que temos diversos setores produtivos reduzindo em vendas e com dificuldades de atravessar este momento.

Reedição da política de 2009?
Fizemos naquela época uma estratégia mais ampla. Era estrategicamente adequado ampliar participação de mercado -hoje estamos com 21%. E há setores com queda muito forte de vendas. É preciso ser cirúrgico.

Além do automotivo, quem terá mais crédito?
Cooperativas agrícolas serão as próximas. Sai em umas duas semanas. Dos R$ 9 bilhões de aumento de crédito, R$ 2,3 bilhões vão para o setor agro. Depois vem petróleo e gás, em uns dois meses.

Vamos incluir o setor de construção civil também.

Com a Lava Jato, é seguro emprestar para empreiteiras?
Não se pode generalizar. Para algumas, sim, outras, não. Não acredito em risco sistêmico.

A qual taxa de juro?
Não tenho juro subsidiado, então vou trabalhar com o que eu tenho. A gente está reduzindo taxa de juro baseada na redução do risco. O objetivo é manter o emprego, mas achamos muito difícil controlar isso. A empresa vai assumir o compromisso, mas não haverá meta no contrato.

É só uma carta de intenções?
Exatamente.

Por que o Ministério da Fazenda e o BB não estavam presentes no anúncio da Caixa?
É uma estratégia comercial de cada banco, não uma política de governo.

Não foi isso o que disse a presidente da Caixa.
O governo está evidentemente sabendo. O BB financiará as empresas menores que fornecem para as empresas líderes de mercado. Vincularemos os empréstimos às pequenas ao fluxo de recebíveis das grandes. Teremos ciência do quanto as empresas líderes planejam comprar de suas fornecedoras.

É uma espécie de fiador?
Praticamente. Isso vai diminuir o número de demissões. Estamos muito preocupados. Se houver desemprego, pode haver aumento da inadimplência da pessoa física. Não vai ser uma elevação de crédito abrupta, mas sim suave. Queremos atingir empresas que precisam, mas de forma menos arriscada.

O banco levanta R$ 9 bilhões de crédito, mas o BC eleva a Selic [taxa básica], inibindo o crédito. Não é contraditório?
As empresas e as pessoas continuam necessitando de crédito. Esse projeto procura fazer isso. Claro que a taxa de juros mais alta ela tende a induzir o crescimento do crédito e compete a nós encontrar maneira de continuar trabalhando para dar crédito sem elevar nossos riscos.

Banqueiro não gosta de juro alto?
Discordo. Quando você tem juros mais altos, tem mais inadimplência. O que banqueiros e bancos não gostam é de inadimplência.

Investidores estão querendo investir aqui?
Sim. A crise dá essa oportunidade. Os ativos brasileiros ficaram baratos. Os investidores estão procurando ativos. O mercado de fusões e aquisições deve crescer. O país está barato.

fonte: Udop, com informações da Folha de S.Paulo (escrita por Maria Cristina Frias e Natuza Nery)
 
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