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SEGUNDA-FEIRA, 30 DE JUNHO DE 2014 | 10:12
 
Recorde, venda de defensivo no país em 2013 atingiu US$ 11,5 bi
 
A indústria brasileira de defensivos agrícolas comemorou em 2013 mais um recorde de vendas, novamente embalada pelo desempenho do segmento de inseticidas. Levantamento realizado pelo Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) e obtido com exclusividade pelo Valor indica que o mercado nacional atingiu no ano passado a cifra de US$ 11,45 bilhões, 18% acima dos US$ 9,71 bilhões de 2012.

O resultado reforça a posição de liderança que o Brasil conquistou há cerca de três anos no mercado global de defensivos, à frente dos US$ 8 bilhões movimentados nos EUA em 2013, conforme o Sindiveg. "Lá só existe uma safra, e nós temos três. Nos EUA, não há ferrugem da soja, e US$ 2 bilhões das nossas vendas são apenas contra essa doença", afirma Ivan Sampaio, gerente de informação do Sindiveg.

Em volume, foram vendidas 902,41 mil toneladas de agroquímicos aos produtores do Brasil no ano passado, crescimento de 9,6% em relação a 2012. Da receita total, 40% (US$ 4,553 bilhões) vieram da comercialização de inseticidas. A categoria foi que a teve o maior salto anual nas vendas, de US$ 3,606 bilhões para US$ 4,553 bilhões.

O recente aparecimento de novas pragas, caso da helicoverpa, e o ressurgimento de velhas conhecidas, como a mosca branca e a lagarta falsa medideira, foram fatores determinantes para que as vendas de inseticidas voltassem a crescer. "Os produtores podem ter relaxado nos tratos culturais com essas pragas mais antigas porque estavam mais preocupados com a helicoverpa, e de última hora precisaram de mais inseticidas", avalia Sampaio.

Na sequência dessa categoria, vieram os herbicidas (com US$ 3,739 bilhões) e fungicidas (US$ 2,591 bilhões). Entre as culturas, a soja seguiu como o carro-chefe das vendas, mas ampliou sua fatia de 47% para 51,3% da receita total. O montante total movimentado pela oleaginosa foi de US$ 5,866 bilhões, 28,4% acima dos US$ 4,566 bilhões registrados do ano anterior. "Com o preço bom da soja, os agricultores também investiram mais e em defensivos mais específicos", afirma o gerente do Sindiveg.

A cana-de-açúcar ocupou a segunda posição entre as que mais demandaram defensivos, com 10,1% de participação - o equivalente a US$ 1,159 bilhão, queda de 7% ante 2012. Contudo, a retração no segmento de café foi mais expressiva (de 14%, para US$ 293 milhões). Nos dois casos, o recuo nas vendas de defensivos refletiu as cotações deprimidas do grão e do etanol no ano passado.

Ainda conforme os dados do Sindiveg, os agroquímicos genéricos continuam a responder pela maior parcela das vendas no país, mas sua participação diminuiu de 60% do total, em 2012, para 55% no ano passado. "Houve o lançamento de pelo menos três grandes produtos patenteados em 2013, que conquistaram mercado e são mais caros que os genéricos", diz Sampaio.

Outra constatação do levantamento é que o mercado nacional permanece altamente dependente de importações. No ano passado, foram trazidas do exterior aproximadamente 408 mil toneladas, entre produtos técnicos (matérias-primas concentradas) e formulados, ou US$ 7,4 bilhões, contra 297 mil toneladas (US$ 5,5 bilhões) em 2012.

De acordo com o representante do sindicato das indústrias, a concorrência de países como China e Índia, que têm custos de produção bem inferiores, e também questões ligadas à legislação brasileira explicam esse cenário. "Produzir aqui é mais restritivo do que importar. Existem hoje no mercado cerca de 300 ingredientes ativos, dos quais apenas 10 a 15 produzidos no Brasil", afirmou. O produto de maior produção localmente é o herbicida glifosato - não por acaso, também o de maior demanda.

Para 2014, o Sindiveg projeta um aumento de 6% nas vendas de defensivos no Brasil, com avanços em algodão, café, milho e soja. Nos últimos cinco anos, o mercado brasileiro cresceu a um ritmo mais acelerado (de 15% ao ano, em média), mas problemas climáticos enfrentados em importantes regiões produtoras este ano podem enxugar os investimentos. "Tudo depende também dos preços internacionais. Se a soja disparar em Chicago, o produtor vai gastar mais em tecnologia. Mas, por ora, não é essa a sinalização que temos. A safra americana está indo muito bem", afirma Sampaio.

Fonte: Valor Econômico
 
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